Bolsonaro pede encontro com Alckmin e se compromete com transparência

Após Geraldo Alckmin deixar o Planalto, Jair Bolsonaro pede que vice-presidente eleito retorne. Ambos se encontram a sós. Em reuniões em Brasília, ex-tucano discute PEC da Transição, para viabilizar promessas de campanha.


Sem reconhecer oficialmente o resultado desde domingo, 30, dia em que foi realizado o segundo turno das Eleições e anunciado que Lula (PT) será presidente da República a partir de 1º de janeiro de 2023, Jair Bolsonaro (PL) convidou Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente eleito, para uma conversa a sós. O pedido veio minutos após o ex-tucano deixar o Palácio do Planalto, onde se encontrou com Ciro Nogueira (PP) e General Ramos para tratar do governo de transição. A conversa entre ambos ocorreu no terceiro andar do prédio, o do gabinete da Presidência.

No diálogo, segundo Alckmin, Bolsonaro prometeu uma passagem de governo transparente, sem dificuldades no repasse de informações para a montagem da gestão Lula. A transição está sob a responsabilidade de Ciro Nogueira, ministro-chefe da Casa Civil, que optou por não conversar com a imprensa após a reunião de que participaram também Aloizio Mercadante (PT), que participa da montagem do próximo governo, e Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT.

À imprensa em coletiva no Planalto, Alckmin sinalizou ter sido positiva a participação de General Ramos, que não estava prevista, e disse que a gestão Bolsonaro afirma estar disposta a ajudar a transição, processo previsto em lei e no qual estão nomes de ambos os lados. Sobre os ministérios cujos trabalhos serão iniciados no próximo ano, Alckmin afirmou que não há certeza de que serão divulgados. “A transição começou”, sinalizou o também coordenador do governo de transição. Questionando pelo OPINIÃO CE sobre se deveria ser chamado de vice-presidente ou ministro, já que é um dos nomes ventilados para a Defesa, o ex-governador de São Paulo desconversou sorrindo, dizendo que preferia ser “chamado de Geraldo.” A reunião com Ciro Nogueira durou cerca de trinta minutos.

PEC DA TRANSIÇÃO
Pela manhã, Alckmin e Wellington Dias, outro nome da cúpula do PT, se reuniram com o senador Marcelo Castro (MDB), relator-geral do Orçamento 2023. Também participaram parlamentares petistas. À imprensa, os participantes do encontro que aconteceu no Senado afirmaram que será enviada, ainda sem data firmada, a Proposta de Emenda Constitucional da Transição (PEC da Transição), cuja finalidade é assegurar recursos para manter o Auxílio Brasil, que deve por ora seguir com essa denominação, em R$ 600 e garantir R$ 150 adicionais a cada criança de uma faixa etária determinada. De acordo com Marcelo Castro, são cerca de 21,6 milhões de famílias a receberem o benefício.

O parlamentar apontou ainda os reforços nos orçamentos do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT), Farmácia Popular, iniciativas voltadas ao povo indígena, entre outros.

A ideia é na próxima terça-feira, 8, ter um estudo técnico do investimento necessário para contemplar as áreas a serem priorizadas pela gestão Lula-Alckmin para começar a discuti-las oficialmente com Rodrigo Pacheco (PSD) e Arthur Lira (PP), presidentes do Senado e Câmara dos Deputados, respectivamente, bem como com líderes partidários de ambas as Casas.
A PEC da Transição, prevê o PT, será aprovada até meados do próximo mês, uma vez que os recursos precisam estar apontados na Lei Orçamentária Anual (LOA) que vai viger no próximo ano.

A Proposta de LOA (PLOA) será ainda analisada pela Comissão Mista de Orçamento (CMO), este ano presidida pelo deputado federal Celso Sabino (União Brasil). O recesso parlamentar só poderá ocorrer caso a proposição tenha finalizado seu trâmite no Congresso. Alckmin acrescentou que, a partir de segunda-feira, 7, Lula vai passar a fazer parte dos diálogos da transição, com agenda originária em São Paulo.

LIRA E GUIMARÃES
À reportagem, o vice-presidente nacional do PT, deputado federal José Guimarães, apontou que se reuniu com Lira na manhã de ontem para tratar de propostas legislativas a serem priorizadas na Câmara e que o deputado federal alagoano assegurou sua ajuda para tramitar com projetos na Casa. Ao conversar com a imprensa, Guimarães chegou a dizer “Nós avisamos que iríamos voltar”, referindo-se ao retorno do partido à Presidência da República. Frase semelhante foi dita por Dilma Rousseff em 2016, ao sofre impeachment. Ao final do dia, Alckmin teve reunião com ministros do Tribunal de Contas da União (TCU), na sede da Corte.

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