EUA vão investigar suspeita de acidente em laboratório chinês com coronavírus

Situado entre as colinas que rodeiam a cidade chinesa de Wuhan, onde surgiu o novo coronavírus, um laboratório de tecnologia chinês está no centro de uma polêmica mundial. Segundo cientistas chineses, o vírus pode ter passado dos animais para o homem em um mercado que vendia animais vivos em Wuhan. Mas a existência deste laboratório alimenta especulações de que foi ali que o vírus surgiu.
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse que está sendo realizada uma "investigação completa" sobre como o vírus "saiu para o mundo". O instituto abriga o Centro de Cultivo de Vírus, maior banco de vírus da Ásia, onde são preservadas mais de 1,5 mil variedades.
Dentro do complexo, encontra-se o maior laboratório da Ásia de segurança máxima, capaz de manipular patógenos de classe 4 (P4), vírus perigosos transmitidos entre pessoas, como o ebola.
O laboratório P4, de 3.000 m², está localizado em um prédio quadrado com um anexo cilíndrico, aos pés de uma colina, nos arredores de Wuhan.
O jornal "The Washington Post" e o canal de TV Fox News citaram fontes anônimas que indicam que o vírus pode ter saído, acidentalmente, do complexo.
Segundo documentos diplomáticos aos quais o Post teve acesso, autoridades estavam preocupadas com a segurança inadequada dos pesquisadores ao manipularem vírus parecidos com o do Sars. Segundo a Fox News, o "paciente zero" da pandemia pode ter sido infectado por uma variedade de vírus de morcego que estava sendo estudada no laboratório e que foi transmitido para a população de Wuhan.
Ao ser questionado sobre esta hipótese, o presidente americano, Donald Trump, disse que, "cada vez mais, estamos ouvindo esta história", e que seu país realiza uma "investigação profunda". O instituto não quis comentar, ontem, esta teoria, mas, em fevereiro, divulgou um comunicado rechaçando os rumores.
Por que Wuhan?
O local explicou ter recebido em 30 de dezembro o novo coronavírus, até então desconhecido. Em 2 de janeiro, determinou o sequenciamento do genoma viral, e submeteu a informação sobre o patógeno à Organização Mundial da Saúde (OMS) em 11 de janeiro.
O porta-voz da chancelaria chinesa, Zhao Lijian, descartou, ontem, as suspeitas sobre o laboratório. "Uma pessoa entendida irá compreender que a intenção é criar confusão, desviar a atenção do público e se esquivar da responsabilidade", criticou Zhao, que citou rumores de que o Exército americano poderia ter levado o vírus para a China.
Os cientistas acreditam que o vírus tenha surgido de um morcego e sido transmitido para o homem através de uma espécie intermediária, possivelmente o pangolim.
Mas um estudo de um grupo de cientistas chineses publicado em janeiro na revista "The Lancet" revela que o primeiro paciente com Covid-19 não tinha nenhuma ligação com o mercado de animais de Wuhan, tampouco 13 dos primeiros 41 pacientes.
Incógnita
Shi Zhengli, um dos principais especialistas chineses em coronavírus de morcego e vice-diretor do laboratório P4, fez parte da equipe que publicou o primeiro estudo sugerindo que o Sars-CoV-2 (nome oficial do vírus) vinha dos morcegos. À revista "Scientific American", ele afirmou que o genoma do Sars-CoV-2 não coincide com nenhum dos coronavírus de morcego que seu laboratório já estudou.
Segundo Filippa Lentzos, pesquisadora de biossegurança na King's College de Londres, embora não haja provas sobre a teoria do acidente no laboratório, tampouco há "provas reais" de que o vírus tenha vindo do mercado. "Para mim, a origem da pandemia ainda é uma pergunta sem resposta", assinalou.
Mortes 
Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou, nessa sexta, que muitos países terão que revisar o número de mortos por coronavírus, como fez a China. O governo de Pequim anunciou, ontem, mais 1.290 mortos em Wuhan, onde teve início a pandemia, em dezembro. A revisão se deveu a doentes que morreram em casa, informaram as autoridades. O número total de vítimas é agora de 4.632.
Nessa sexta, o presidente Donald Trump acusou o país asiático de subestimar o balanço das vítimas na China. "É algo difícil de perceber durante uma crise, identificar todos os casos e identificar todos os mortos", disse Maria Van Kerkhove, autoridade responsável pela gestão da pandemia na OMS, em uma coletiva de imprensa virtual.
DN

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