Sem reformas, Paulo Guedes vê prestígio ruir e perde força no governo



Em 2018, a certeza de muitos de que o fiasco no crescimento econômico do principal país da América do Sul era culpa dos governos Lula e Dilma foi um dos principais motivos que levaram o economista Paulo Guedes a um status de celebridade na incomum campanha eleitoral do então candidato à Presidência, Jair Bolsonaro. Com perfil liberal, virou uma espécie de guru na área econômica, o que lhe conferiu o status de “Posto Ipiranga”.

As tão esperadas respostas para a economia e prometidas por Guedes, tais como as reformas administrativa e tributária e privatizações de grandes estatais, no entanto, não vieram. Há exceções, como é o caso da Previdência Social, que teve seu caminho pavimentado no governo Temer (MDB), e a Eletrobras. Ainda durante a campanha, Guedes fugia de perguntas sobre quem daria a palavra final na economia: se seria Bolsonaro ou ele.

Depois de um crescimento tímido do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, no primeiro ano de governo e a chegada da pandemia no ano seguinte, Guedes passou de superministro a superempregado. Guedes jurava que a economia decolaria em 2020. Não decolou. A União teve de gastar com o controle da pandemia e Bolsonaro vendeu a alma ao centrão em troca de sobrevivência política e da aprovação de projetos de seu interesse. A agenda de reformas e privatizações ficou para trás e só foi retomada em 2021.

A situação, agora, é diferente da de 2019: inflação de dois dígitos em 12 meses (10,25%) — algo que não se via desde a implementação do Plano Real, em 1994, dólar estacionado acima dos R$ 5 e 14,4 milhões de desempregados. Resultados que, para especialistas, são em boa parte resultados de uma política econômica desastrada e que gera desconfiança.

Para se manter no governo, o ministro seguiu as orientações de seu chefe e deixou de lado vários de seus posicionamentos. “Isso fez com que todo aquele pensamento liberal fosse colocado de lado e a nossa economia ficasse à deriva”, explica Otto Nogami, professor de economia do Insper, que acredita que o governo poderia ter adotado políticas mais inteligentes para evitar uma crise econômica tão grave, como uma política de abastecimento que segurasse os preços dos alimentos.

(*) Correio Braziliense
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