PEC que libera gastos com benefícios no período eleitoral é aprovada

Discussão e votação de propostas, no dia 12 de junho, na Câmara dos Deputados. Dep. Arthur Lira (PP-AL)(foto: Elaine Menke/Câmara do Deputados)


A Câmara dos Deputados aprovou o texto-base da proposta da emenda à Constituição (PEC) que autoriza gastos com benefícios sociais no período eleitoral e decreta estado de emergência no País. Batizada pelos críticos de PEC kamikaze ou PEC do desespero, e de PEC dos benefícios pelos defensores, a proposta passou com 393 votos a favor e 14 contra.

Os deputados ainda vão analisar destaques - sugestões de mudanças — e realizar um segundo turno de votação. O dia foi marcado por uma "força-tarefa" do governo para mobilizar sua base diante do risco de falta de quórum. Também houve problemas na internet da Casa.

Articulada pelo Palácio do Planalto com a base governista no Congresso, a PEC aumenta o Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 por mês e concede uma "bolsa caminhoneiro" de R$ 1 mil mensais, com um custo de R$ 41,25 bilhões fora do teto de gastos — a regra que limita o crescimento das despesas do governo à inflação do ano anterior.

Durante a votação no plenário, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL) fez apelo para que os deputados fossem votar e determinou falta administrativa a quem deixasse de comparecer. Os líderes partidários alinhados ao presidente Jair Bolsonaro (PL) passaram o dia tentando mobilizar seus parlamentares para a votação.

Para ganhar tempo, Lira pautou primeiro a PEC do piso salarial da enfermagem, aprovada em primeiro turno. A estratégia foi realizar apenas a primeira votação da proposta para os enfermeiros e deixar o segundo para depois da PEC dos Benefícios. Como o piso salarial é uma matéria de consenso, os governistas apostaram na manutenção do quórum ao longo da votação do pacote de benesses do governo.

Aprovada no Senado em 30 de junho, a PEC teve sua tramitação acelerada na Câmara por meio de manobras regimentais. O governo tem pressa para pagar as benesses, que são vistas pela campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição como uma forma de alavancar sua popularidade. Hoje, o chefe do Executivo aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto ao Palácio do Planalto, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Não vejo como classificar a PEC de eleitoreira, porque ela é fruto de uma discussão que não começou agora", disse o relator da proposta no plenário, deputado Christino Áureo (PP-RJ). "Está sendo discutida neste momento porque o mesmo Parlamento, que teve o protagonismo lá atrás, ao instituir o Auxílio Emergencial, Auxílio Gás e aprovou a Lei que impede o despejo de famílias pobres e vulneráveis durante a pandemia, tem que assumir essa responsabilidade agora também", emendou.

Na última quinta-feira, 7, Lira levou a PEC ao plenário após aprovação em comissão especial. Depois, contudo, o deputado decidiu adiar a votação. Com a base desmobilizada, o Palácio do Planalto passou a temer que a oposição conseguisse derrubar a decretação do estado de emergência - dispositivo incluído na proposta para blindar Bolsonaro de punições da Lei Eleitoral, que proíbe a criação de benesses às vésperas de uma eleição, exceto em caso de calamidade pública e emergência nacional. O mesmo temor surgiu hoje.

Além do aumento do Auxílio Brasil a R$ 600 e da concessão da "bolsa-caminhoneiro" de R$ 1 mil mensais, a PEC prevê auxílio-gasolina a taxistas de R$ 200 mensais, a ampliação do vale-gás a famílias de baixa renda e recursos para o programa Alimenta Brasil e para subsidiar a gratuidade a idosos nos transportes públicos urbanos e metropolitanos. Todas as medidas valem somente até o final do ano.

(*) Com Agência Estado



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