Auxílio Brasil, salário mínimo e fila do SUS: entenda as urgências no Orçamento 2023 em discussão De acordo com o deputado José Guimarães (PT), a equipe de transição pretende unir as prioridades do novo governo em uma PEC de revogação do teto de gastos sobre temas urgentes



Para executar as principais medidas de governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a partir de 2023, parlamentares de Brasília se articulam com o objetivo de abrir espaços no projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) enviado pela atual gestão ao Congresso Nacional no fim de agosto.

O petista

pretende garantir o Auxílio Brasil no valor de R$ 600, aumentar o salário mínimo acima do índice da inflação e ampliar programas já existentes no SUS, como o Farmácia Popular. Para isso, precisa lidar com o teto de gastos e com a articulação por mudanças no texto elaborado pela equipe do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Com esse objetivo, o relator-geral da Comissão Mista de Orçamento (CMO), senador Marcelo Castro (MDB-PI), reuniu-se com o coordenador da transição de governo, vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), nesta quinta-feira (3).

Participaram do encontro, ainda, o senador eleito Wellington Dias (PT-PI), designado por Lula para tratar do tema, entre outros parlamentares da bancada do PT, além do ex-ministro Aloizio Mercadante.

A próxima reunião deve ocorrer na terça-feira (8). A previsão é que a matéria seja votada pelo Congresso em 16 de dezembro, a poucos dias do Natal e da posse de Lula, em 1º de janeiro. Esse prazo, contudo, pode ser prorrogado devido às mudanças importantes estudadas pela equipe de transição e o Legislativo.

PREVISÃO DO ATUAL GOVERNO

A proposta enviada por Bolsonaro ao Congresso estima um Auxílio Brasil de R$ 400 para 2023, um custo de R$ 105 bilhões aos cofres públicos. O texto também prevê um salário mínimo de R$ 1.302, mas o valor final depende de projeto de lei que ainda será enviado pelo Planalto.

O PLOA 2023 prevê R$ 162 bilhões em investimentos na Saúde. O montante, em valores reais corrigidos pela inflação, é o menor desde 2014, quando se destinaram R$ 154,4 bilhões. As despesas primárias na área alcançaram R$ 203,8 bilhões em 2021, durante a pandemia. As informações são das Consultorias de Orçamento da Câmara e do Senado.

Também houve redução na área da educação. Para 2023, a estimativa é de R$ 147,4 bilhões autorizados, contra R$ 151,9 bilhões de 2022.
MUDANÇAS NO PROJETO

Para o relator-geral da proposta e para membros da equipe de transição, não é possível manter programas como o Auxílio Brasil e o Farmácia Popular sem a suplementação no Orçamento. Na avaliação do senador Marcelo Castro, o texto enviado por Bolsonaro é “seguramente o mais restritivo e o que traz mais ‘furos’ da nossa história”.

Somente o Auxílio Brasil de R$ 600 custaria, a partir de janeiro, R$ 52 bilhões à União. O montante, contudo, não está na previsão do atual governo.

Por isso, de início, Castro e Alckmin conversam sobre a aprovação de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que abra espaço no Orçamento para a manutenção do Auxílio Brasil de R$ 600 a partir de janeiro. A matéria, chamada de PEC da Transição, deve dispensar a União de cumprir o teto de gastos em áreas específicas de despesas nesse momento.

Segundo o deputado José Guimarães (PT), responsável pelo diálogo da equipe de transição com a Câmara, além do auxílio, a PEC deve abarcar a revisão do salário mínimo, a questão da merenda escolar defasada, os investimentos públicos que precisam de desentraves, o programa Casa Verde Amarela (antigo Minha Casa, Minha Vida) e, de forma mais ampla, as áreas da saúde, da educação e da ciência e tecnologia.

Ele explica que até terça-feira (8) a comissão mista vai apresentar um texto para sintetizar esses tópicos e apontar o volume de recursos necessários para a suplementação.

Ao Diário do Nordeste, o deputado também afirma que se reuniu, nesta quinta, com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). "(Ele) Demonstrou muita disposição para o diálogo e se mostrou muito proativo no sentido de ajudar a votar as matérias de interesse do governo eleito”. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, apresenta postura semelhante, diz Guimarães.

Também de acordo com o relator-geral, a PEC pode passar com facilidade pelo Congresso. “Os parlamentares todos têm o espírito de colaborar. Quem é que de sã consciência, na crise que estamos passando, vai votar contra à manutenção de um auxílio, que já está sendo dado, no valor de R$ 600? Eu acredito que ninguém”, disse Castro.

O parlamentar também cogitou a possibilidade de abertura de crédito extraordinário por meio de uma medida provisória, mas o foco no momento é a PEC.

(*) DN

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