BRASÍLIA <> Freire Gomes e Baptista Jr.: como seria o golpe e por que não foi dado. Aviso de Toffoli e de Aras garantiu diplomação de Lula


Por Luís Costa Pinto, do 247 em Brasília - Ao cabo das 11 horas em que permaneceu na sede da Polícia Federal, em Brasília, depondo sobre as intentonas golpistas promovidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e os elos que as conectam à violenta tentativa de abolição do Estado Democrático ocorrida em 8 de janeiro de 2023 no Brasil, o general Freire Gomes, comandante-geral do Exército entre março e dezembro de 2022, sabia que tudo o que disse fazia sentido para os investigadores. PF e Ministério Público Federal atuam em sintonia e sob comando do procurador-geral Paulo Gonet. O ministro Alexandre de Moraes é o responsável por denunciar, ou não, o ex-presidente e a corriola golpista aos demais integrantes do Supremo Tribunal Federal. A dinâmica dos fatos narrados pelo general, chamado de “cagão” pelo ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto, não só põe Bolsonaro na condição de co-autor intelectual do golpe pretendido como determina que sejam colocados nele - em breve - os grilhões da modernidade: a tornozeleira eletrônica, que virá como medida punitiva alternativa a fim de que o réu seja monitorado até o julgamento final da ação. Tudo o que Freire Gomes contou à PF e aos procuradores encarregados de acompanhar o longo depoimento estava perfeitamente sintonizado com a versão e a dinâmica dos fatos narrados pelo brigadeiro Antônio Baptista Jr., comandante da Aeronáutica entre abril de 2021 e dezembro de 2022.

GOLPISTAS QUERIAM CENTELHA EXTERNA. ERAM FROUXOS

Havia uma certeza dominante na ala majoritária das Forças Armadas e entre os interlocutores estabelecidos por eles no Poder Judiciário, no Congresso e no Ministério Público: sem força para dar um autogolpe, o então presidente e os militares que lhe eram mais leais dificilmente agiriam de moto próprio. Queriam um estopim, um argumento, uma desculpa para endurecer o regime e instituírem uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) nacional ou a invocação do Artigo 142 da Constituição (segundo o blablablá bolsonarista, que é só lero-lero, as Forças Armadas seriam garantidoras da Ordem Constitucional e como tal poderiam ser chamadas a dirimir momentos de discórdia nacional). A centelha que incendiaria o País precisava vir, então, de alguma crise social ou institucional fabricada. Essa era a fórmula dos “laboratórios de Golpe de Estado” de Bolsonaro e de sua trupe de aloprados. E que tiraria o pino da granada ou acenderia o rastilho de pólvora podia estar num dos Poderes - um ministro do STF mais afoito, por exemplo, decretando prisão de alguém muito próximo do chefe do Poder Executivo, ou até mesmo um subprocurador determinando busca e apreensão em endereços do clã.

No fim do ano de 2022, quando a reeleição já estava perdida e Jair Bolsonaro fechou-se no Palácio da alvorada para urdir os derradeiros ataques ao Estado Democrático e forçar o açulamento dos militares golpistas, três eventos foram planejados como os detonadores do golpismo: o 12 de dezembro, dia da diplomação de Lula como presidente eleito, o que pôs fim ao processo eleitoral e instituiu a figura do Governo futuro legitimamente eleito, o atentado mal sucedido (graças a Deus) no aeroporto de Brasília na manhã de 24 de dezembro e o confronto entre os generais Freire Gomes, comandante-geral do Exército, e Dutra de Menezes, Comandante Militar do Planalto, no dia 29 de dezembro. Naquela data, a três dias da posse de Lula, Dutra de Menezes ordenou uma retirada à força - não planejada - do acampamento de bolsonaristas diante do Quartel General do Exército em Brasília. Haveria resistência. Os acampados estavam armados. Havia potencial para a detonação de uma baderna, com mortos e feridos. Ainda com Bolsonaro envergando a fantasia da personagem que sempre se jactou de ser - “Comandante Supremo das Forças Armadas” - a desordem nos portões do QG do Exército seria a senha para a decretação de uma Garantia da Lei e da Ordem com o candidato a autocrata ainda no comando do Governo. Em síntese, esses foram alguns dos pontos relatados por Freire Gomes em seu longo depoimento. O brigadeiro Baptista Jr., da Aeronáutica, corroborou tudo.

(*) Veja reportagem completa no 247


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