Ceará já registra, em outubro, mais queimadas que o acumulado nos outros 9 meses de 2022 O pico histórico de registros no Estado acontece em novembro



O Ceará já registrou, até este mês de outubro, 953 focos de incêndio, que indicam a presença de fogo naquela área, por meio de imagens de satélite. Somente neste mês, foram 482 focos, número superior a soma dos registros nos outros nove meses de 2022 (471). Os dados são do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), consultados nesta quarta-feira, 26, pelo OPINIÃO CE. O pico histórico de registros no Ceará acontece em novembro.

De acordo com a agrônoma e pesquisadora da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos, Dra. Juliana Vieira, já a partir do segundo semestre, quando as chuvas no Estado reduzem,a eliminação de pragas e ainda eliminação de restos de outras culturas. Conforme o Inpe, considerando a base histórica iniciada em 1998, o ano que o Ceará alcançou o maior número de focos de calor foi 2004, com 10.582. No ano passado, o Estado registrou 4.379, o maior valor desde 2011.

Focos de incêndio no Ceará em 2022 (Inpe):

  • Janeiro: 37
  • Fevereiro: 21
  • Março: 8
  • Abril: 1
  • Maio: 3
  • Junho: 15
  • Julho: 37
  • Agosto: 140
  • Setembro: 209
  • Outubro: 482 (até 26/10)

A prática da queimada pode afetar o meio ambiente de diversas formas, como a composição química da atmosfera agravando o aquecimento global, e a perda da biodiversidade local.

“Especificamente para o solo, o impacto maior é o seu empobrecimento, visto que, durante esta prática, a matéria orgânica que é a reserva nutricional para as plantas, é destruída. A gente também vai observar a morte dos microorganismos do solo, que são responsáveis pela degradação da matéria orgânica. Esta prática também vai agravar os processos erosivos, já que a área fica mais vulnerável à ação dos ventos e da àgua”, reforça Vieira.

Além dos problemas ambientais, as queimadas podem contribuir para questões socioeconômicas, pois a terra fica inapta para a agricultura, fazendo com o que o homem do campo tenha que se deslocar para outras regiões.

Combate

No Ceará, ações de combate às queimadas vêm sendo realizadas por meio do Programa Estadual de Prevenção, Monitoramento, Controle de Queimadas e Combate aos Incêndios Florestais (Previna). Em 2018, um mapa foi elaborado indicando as áreas mais susceptíveis a incêndios florestais e queimadas no Estado, assim como o uso proibido do fogo em um determinado período do ano. “Com o desenvolvimento da tecnologia, surgiram outras práticas que podem substituir o uso do fogo. Alguns países já utilizam máquinas para fazer o preparo da terra para o plantio”, explica Vieira.

“No semiárido, porém, nem todos os agricultores têm acesso a este tipo de tecnologia e acabam utilizando das queimadas para realizar a limpeza de áreas. Porém, se realmente for necessário o uso da prática, ela deve ter acompanhamento técnico, evitando maiores impactos ao meio ambiente”, finaliza a pesquisadora

Vale destacar que causar queimadas é crime, pelo Código Florestal, podendo levar a multa de R$ 1.000 por hectare queimado, além de reclusão de dois a quatro anos. Confira, abaixo, algumas dicas para evitar incêndios em vegetação:

– Não usar fogo para queima de lixo ou para a limpeza de plantação;

– Não jogar resto de cigarro aceso em locais com vegetação;

– Não jogar lixo pela janela do carro. O material pode servir de alimento para o fogo;

 Fogueiras de acampamento devem ser feitas em locais onde não haja vegetação;

 Nestes casos, observar o sentido do vento para que as centelhas do fogo ou fumaça não iniciem um incêndio.


(*) Jornal Opinião

Fortaleza

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